quinta-feira, 31 de maio de 2012

Fragmentos de um livro que nunca será escrito

Seria essa a curva natural da vida? Chegamos a fase adulta e com ela as responsabilidades sobrepõem a diversão?
Seria essa a curva natural do relacionamento? Chegamos na fase que a rotina sobrepõe o fervor das paixões?

Não sei se por mera sorte ou por dádiva de Deus provamos que somos capazes de coexistir, coabitar essa pequena trincheira que chamamos de lar. Seja regidos a gritos, ofensas com os mais reles palavreados ou a vinho, queijo, ópio e sadismo, sempre estaremos lá, pois os principais ingredientes dessa receita somos nós.

Queria que o "nós" soasse com uma pluralidade maior do que geralmente acontece, nem sempre eu, nem sempre você. Mas reconheço que para juntar um número maior de membros nessa seita – relacionamento – agregaremos variáveis que além de fugir ao controle pode ter ação contrária, um desgosto individual e momentâneo que crava mais uma sequela no livreto de ocorrências que todo amante guarda consigo.

“Me faça o bem e te deixo livre, me faça o mal e permanecerei a teu lado para que nunca esqueças de se arrepender por isso.”

Introspecção. As vezes preciso me fechar, isolar, entrar numa caixa imaginária para que através de um pequeno orifício consiga ver os outros em seus atos mais corriqueiros e simples, com isso vou moldando a personalidade de todos que me cercam e certamente erro. Mas ultimamente essa prática se tornou mais diligente e segmentada.

Estou focado no mais complexo paradigma entre a mais complexa figura do universo, as relações entre os humanos. Amor, paixão, amizade, irmandade, negócio, interesse, sexo, sexo, sexo...

São várias as formas de se ter um relação com outro e percebo que existe algo em comum entre todas elas, a tendência a vislumbrar os fatos de acordo com duas vértices: 1 - Nossa própria vontade; 2 - Nossa visão ofuscada pela tênue relação entre o conhecimento coletivo e a sabedoria individual.

Ou colocamos os pés pelas mãos, defendendo uma falsa verdade absoluta e estragamos tudo por sermos inerentemente egoístas ou aceitamos de forma submissa e temporária a falsa verdade dos outros, alimentando uma bomba interna que mais cedo ou mais tarde vai explodir...

Solução? Existem vários conceitos e teorias, o diálogo, por exemplo.

Mas o que seria um diálogo se não a oportunidade de aceitar ou oprimir um ao outro? Claro, nem tanto. Existe o bom senso, consenso, entendimento e tratado, que são conquistados através do diálogo... ou pela guerra.

E a grande questão é: Seria essa a curva natural do amor?

(RAMALHO, Gabriel. Dejetos de uma paixão)